Resumo dos Painéis
Os painéis e discussões durante todo o Seminário foram muito
diversos. A seguir uma breve descrição dos assuntos e principais questões
abordadas em cada painel.
22 de janeiro de 2006
- apresentação dos Participantes: cada participante teve 5 minutos
para apresentar um resumo do seu trabalho, bem como sobre a organização
que representa e o trabalho que desenvolve.
- caso de contaminação química - Caso Oires Barbosa: - o Sr. Barbosa,
por estar hospitalizado naquele dia, não pôde estar presente, porém
enviou uma carta aberta lida por seu filho explicando como a VEDACIT,
uma empresa produtora de impermeabilizantes para construção civil, o
vitimou. O Sr. Barbosa desenvolveu várias doenças entre elas alguns
tipos de cânceres devido a sua exposição a várias substâncias químicas
durante sua jornada laboral, e mesmo com os pareceres de especialistas médicos,
a companhia se recusa a admitir a sua grave contaminação. (Leia no
anexo B deste documento o teor completo da carta do Sr. Osíris
Barbosa).
- Panorama dos Químicos em um Mundo Globalizado, por Fernando Bejarano
de IPEN: este painel foi apresentado juntamente com o painel sobre
"O que é e como foi construída a Convenção de Estocolmo sobre
POPs".
- Fóruns Internacionais de Discussão sobre Químicos por Karen
Suassuna - ACPO: devido à administração rígida sobre o tempo este
painel não foi apresentado e os participantes decidiram fazê-lo em
outra oportunidade.
- Plataforma do GT_Químicos: - leitura, discussões e aprovação - um
documento denominado PLATAFORMA REDE BAN, até então utilizado como
plataforma de ação do GT-BAN da Rede Brasileira de Justiça Ambiental
foi lido pelos participantes e por cerca de 2 horas discutido, quando várias
emendas foram sugeridas, sendo que no final da tarde o documento foi
aprovado. Esse ato demonstrou simbolicamente a criação formal do GT_Químicos,
um grupo de trabalho comum entre entidades da Rede Brasileira de Justiça
Ambiental e do Fórum Brasileiro de Movimentos Sociais para o
Desenvolvimento. O documento sintetizou os principais tópicos de
preocupação, que são: contaminação química para ninguém,
conceitos de riscos químicos (direito de recusa para o risco químico
imposto), principio da precaução contra danos ao meio ambiente e à saúde.
A plataforma também contém princípios para ações, tais como
promover o direito de saber, intercâmbios e troca de experiência,
articulação da sociedade civil nos fóruns nacionais e internacionais
de negociação, capacitação da comunidade, integração com o sistema
jurídico, empreender esforços para eliminar os riscos do uso de químicos
altamente tóxicos, e , no caso dos agrotóxicos, buscar a promoção
das práticas de gerenciamento de agroecologia, a conscientização do público
sobre transferência de tecnologias sujas, com ênfase nos padrões
duplos e discussões abertas sobre responsabilidade e passivo da indústria.
- Discussão de grupo - estrutura e estratégia do GT_Químicos: em
conseqüência do pouco tempo, os participantes decidiram que esta
discussão deveria ser tratada na próxima reunião do GT_Químicos.
23 de janeiro de 2006
- O que é e como foi construída a Convenção de Estocolmo sobre POPs
por Fernando Bejarano - IPEN: - este painel apresentado juntamente com o
painel "Panorama dos Químicos em um Mundo Globalizado", no
qual o Sr. Bejarano apresentou um panorama e perspectiva histórica do
gerenciamento de químicos ao longo do tempo, seus maiores líderes tal
como a bióloga norte-americana Rachel Carson, os grupos comerciais
envolvidos, tais como o Conselho Mundial de Cloro, a Iniciativa para o
Cimento Sustentável
(Sustainable Cement Initiative) e os fóruns internacionais de negociação. O Sr. Bejarano apresentou, entre outros tópicos, os principais impactos dos POPs sobre a saúde dos seres vivos e o meio ambiente, e comentou sobre a importância dos princípio da precaução para a Convenção de Estocolmo sobre POPs e sua implementação enfatizando o artigo 10 da Convenção que trata da Informação, Conscientização e Educação do Público, ponto importante para sociedade civil ao longo dos estágios de implementação. O princípio de substituição e de um acordo estratégico entre os setores da sociedade (ONGs, indústria e governo) destacando também as iniciativas de desenvolvimento de tecnologia visando a utilização do princípio BAT-BEP, (Best Available Technologies and Best Environmental Practices). O palestrante finalizou a apresentação com uma breve discussão sobre os mecanismos financeiros disponíveis para a implementação da Convenção de Estocolmo sobre POPs.
- Principais preocupações da Sociedade Civil no Brasil em relação à
Convenção dos POPs por Jeffer Castelo Branco - ACPO: os tópicos
abordados pelo representante da ACPO foram a importância do
envolvimento da sociedade civil no gerenciamento de substâncias químicas
em geral e especialmente na Convenção de Estocolmo sobre POPs,
participação junto ao governo de consultas regulares sobre os impactos
ao meio ambiente e à saúde, incluindo as questões dos Endocrine
Disruptors, substâncias químicas que afetam o sistema hormonal das
pessoas e que são características de alguns POPs. Lembrou sobre a
necessidade de o Brasil empreender estudos sobre novos POPs. O Sr.
Branco também levantou a necessidade de considerar algumas posturas
fundamentais dos órgãos públicos frente a legislação brasileira de
forma a garantir que estes possam agir na proteção da saúde pública,
inclusive dos trabalhadores e do meio ambiente com respaldo da Convenção
de Estocolmo, da necessidade de discutir desenvolvimento e aplicação
de melhores práticas e técnicas, transferência de resíduos entre
estados e uma obrigação adicional de avaliação de saúde ambiental
no processo de Avaliação de Impacto Ambiental.
- Estratégias do Ministério da Saúde de ações para implementação
da Convenção de Estocolmo sobre POPs por Sr. Gilson Spanemberg: devido
a mudança imprevista de última hora o palestrante e representante do
Ministério da Saúde não pôde comparecer e fazer sua apresentação.
o Programa Nacional para Implementação da Convenção de Estocolmo
sobre POPs por Sérgia Oliveira: representando o Ministério do Meio
Ambiente a Sra. Oliveira colocou que no primeiro estágio deste trabalho
o governo desenvolveu um projeto financiado pelo GEF no valor de 350 mil
dólares americanos que teve como suas principais prioridades
diagnosticar e avaliar as necessidades nacionais para a implementação
da Convenção de Estocolmo sobre POPs. Disse que até aquele momento
havia sido realizado um seminário sobre agrotóxicos e áreas
contaminadas. Um segundo seminário estava sendo planejado para
fevereiro de 2006, onde se abordaria a questão das dioxinas e furanos,
e PCBs, e também um outro seminário nacional seria realizado para
apresentar os resultados do projeto. O website http://www.mma.gov.br/port/sqa/prorisc/index.cfm?
submenu=9 contém as informações do Ministério do Meio Ambiente sobre
o NIP-POPs. O Brasil tem dois anos para apresentar o seu plano nacional
de implementação (NIP) após a ratificação da Convenção, o que
deve acontecer em setembro de 2006. A Sra. Oliveira também discutiu com
os presentes a questão da incineração no Brasil, suas ligações com
a implementação da Convenção de Estocolmo e a legislação existente
no âmbito do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), a qual as
ONGs consideraram desatualizada e imprópria para tratamento de POPs e
muito dirigida para atender os interesses da indústria. Em seguida a
representante do governo federal iniciou um debate sobre uma importante
questão relativa ao painel da OMC que analisará as reclamações da
União Européia contra o Brasil sobre a proibição da importação de
pneus usados. Que o descarte de pneus usados na União Européia está
em torno de 80 milhões de unidades/ano, sendo que uma parte considerável
disso pode terminar vindo para o Brasil para "reciclagem" ou
para serem queimados nos fornos de cimento (cement kiln incineration).
Isto aumentaria consideravelmente as emissões do setor de cimento e as
emissões gerais de POPs no país. As ONGs que já estavam acompanhando
o caso decidiram realizar uma articulação em apoio a posição do
governo brasileiro que é a de manter a proibição de importação de
bens usados.
24 de janeiro de 2006
Discussão em Grupos de Trabalho
- Divisão em 3 grupos de trabalho com as seguintes questões para
debate:
1 - Qual é a situação atual? 2 - O que queremos? 3 - Estratégias e ações Os participantes do seminário foram divididos em grupos de 7 a 9 pessoas e discutiram durante 2h e meia as questões apresentadas durante os dias anteriores do Seminário, focalizando-se no envolvimento e participação da sociedade civil durante o processo de implementação e avaliação da Convenção. Os grupos apontaram um mediador e um relator que se encarregaram de organizar as discussões, colher as propostas e entregar a conclusão do grupo na reunião plenária.
o Relatórios dos grupos - cada um dos 3 grupos utilizou trinta minutos
durante a reunião plenária para relatar sobre os resultados de suas
discussões e conclusões. Após cada exposição se fazia uma discussão
entre os demais membros reunidos na plenária.
o Debate na plenária - Aprovação de estratégias e ações: Após as
discussões e inclusões de sugestões a plenária aprovou os relatório
dos três grupos de trabalho, apontando como resultado do Seminário. O
relatório será enviado às autoridades governamentais, ONGs e
publicado no website da ACPO
(http://www.acpo.org.br/biblioteca/02_substancias_quimicas/pops/NIPONGs.pdf) e GT_Químicos (http://www.fboms.org.br/) e da Rede Brasileira de Justiça Ambiental (http://www.justicaambiental.org.br). A sessão seguinte explorou os resultados e os principais conteúdos da discussão em Grupo relativos às estratégias e ações aprovadas.
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