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No Brasil, a Rhodia é outro bom exemplo. Estima-se que só Cubatão há uma dívida ambiental superior a 2,5 bilhões de Real, que no Brasil pode ser multiplicado se adicionarmos a esta conta a contaminação da Rhodia Paulínia, Rhodia Santo André, Rhodia Rafard, entre outras. Ressalta-se que a fábrica de solventes da Rhodia Cubatão, que causou uma das mais violentas contaminações por Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) no mundo, operou apenas 19 anos, as duas primeiras operam há mais de 80 anos. É possível que estes problemas tenham gerado os três grandes movimentos corporativos observados, a saber: 1) retirar ou amenizar a responsabilidade direta do Governo Francês; 2) proteger o patrimônio dos acionistas do Grupo Rhonê-Poulenc; 3) repatriar a parte limpa do conglomerado empresarial.
Assim, realizaram a privatização total do Grupo Rhonê-Poulenc em 1993. Após houve a extinção do Grupo no ano de 2000, após a fusão bem sucedida realizada com a alemã Hoechst Marion Roussel que deu origem a formação do GRUPO AVENTIS, especializado em ciência da vida. Uma exigência para fusão foi a retirada da área química da Rhodia do pacote (parte podre). Assim, foi criada a Rhodia Mundial que herdou todas as fábricas químicas em nível mundial que apontou no balanço de 2002 um prejuízo de 1,3 bilhões de Euros. E por fim, mais um desdobramento (3º fase) da movimentação corporativa iniciada com a Rhodia-Rhonê-Poulenc, informa que agora em 2004 a Aventis (fusão Hoesch+Rhodia) vendeu a parte farmacêutica, altamente lucrativa, para francesa Sanofi-Synthélabo. A nova empresa chama-se Sanofi-Aventis.
Conforme publicado no Planeta Porto Alegre, por Rafael Evangelista, o governo francês não mediu esforços para contornar a dificuldade. O primeiro-ministro Jean-Pierre Rafarin afirmou textualmente que a encampação da Aventis deveria servir aos interesses nacionais. O ministro das Finanças reuniu-se em seguida com os principais executivos da Sanofi e Aventis. “Aconselhou” os primeiros a elevar a oferta inicial de aquisição (de 48 bilhões de euros) e os segundos a aceitá-la. Tinha trunfos para tanto. O sistema público de Saúde da França é um dos maiores consumidores de medicamentos do mundo. Desafiar o Estado é tão arriscado que os próprios dirigentes da Novartis preferiram o silêncio, apesar de flagrantemente passados para trás. A contra-informação faz com que o grande público não enxergue o movimento corporativo finalizada com a repatriação da atividade química lucrativa e o abandono total da parte problemática frente às pressões ambientais. Muito mais que uma simples saída à francesa.