SINAIS DE ACIDENTES HISTÓRICOS ENVOLVENDO O MERCÚRIO
Quando o grande navio encalhou, já quase chegando a Salvador, ao bater no banco de Santo Antônio, aproximadamente às 18 horas daquela noite escura e tempestuosa de 5 de maio de 1668, todos a bordo sabiam que havia poucas chances de sobrevivência. Logo depois, o galeão português Sacramento se soltou e começou a afundar. Às 23 horas, só restavam destroços na superfície do mar. A bordo estavam cerca de 600 pessoas, entre tripulantes e passageiros que vinham de Portugal, inclusive o general Francisco Correia da Silva, designado para o cargo de governador do Brasil. Ele não estava entre os que se salvaram, cerca de 70 pessoas, principalmente marinheiros e soldados. Foi uma grande tragédia, lamentada pelos cronistas dos tempos coloniais. Era um navio de guerra português, construído em 1650, na cidade do Porto, para enfrentar as grandes viagens oceânicas e projetar, além-mar, o poder militar de Portugal.
Naufragaram muitos outros navios, antes e depois do Sacramento, na costa brasileira; seguramente centenas deles. O primeiro de que se tem notícia fazia parte da frota de Gonçalo Coelho e afundou próximo à ilha de Fernando de Noronha, em 1503. Muitos eram caravelas, naus e galeões em missão mercantil ou de combate, durante o período da ocupação do Nordeste brasileiro pela Companhia das Índias Ocidentais holandesa. Havia os que aqui arribaram, nos séculos XVI, XVII e XVIII, em busca de abrigo, reparação nos estaleiros ou provisões - alguns traziam cargas de produtos do Oriente. Outros afundaram com ouro, no século XVIII. Navios mercantes ou de guerra foram a pique nos séculos XIX e XX, entre os quais alguns torpedeados durante a Segunda Guerra Mundial por submarinos alemães e italianos. Entre estes, também, houve os que foram destruídos durante a guerra por ataques de navios de guerra de superfície ou mesmo aviões - como o U-199, que soçobrou no litoral do Rio de Janeiro, atingido por um avião PBY Catalina, da Força Aérea Brasileira.
Referências:
1) Por Armando S. Bittencourt - http://www2.uol.com.br/historiaviva/conteudo/materia/materia_43.html
2) Webgrafia dos Naufrágios: http://www.naufragiosdobrasil.com.br/Bibliografia.htm
Para saber mais:
BORREL, P. 1983, Un trésor au fond de la mer des Caraibes, in Museum, UNESCO, Paris, pp. 41 43
SMITH, R. 1996, Treasure ships of the Spanish Main: The iberian-American maritime empires in BASS, G., ed., Shipwrecks of the Americas A History Based on Underwater Archaeology, Thames and Hudson, Nova Iorque, pp. 85 106
HALL, J. 1996, Navegantes y Naufragos, Galeones en la Ruta del Mercurio, Lunwerg Editores, S.A.; Barcelona
MARKEN, M. 1994, Pottery from Spanish Shipwrecks, 1500 1800, University Press of Florida, Miami
OTIS E. 1970, Western Mining: An Informal Account of Precious-Metals Prospecting, Placering, Lode Mining, and Milling on the American Frontier from Spanish Times to 1893, Norman University of Oklahoma Press.
PROBERT, A. 1969, Bartolome de Medina - the Patio Process and the Sixteenth Century Silver Crisis in Journal of the West, vol. 8, nº. 1, pp. 90-124. |