Toxicidade do Mercúrio
O mercúrio sob forma liquida é extremamente volátil e quando inalados, podem facilmente atravessar a membrana alveolar até atingir a circulação sanguínea. No sangue, fígado e rins o mercúrio e oxidado a forma divalente (mercúrio iônico) pelo complexo chamado hidrogênio peróxido catalise. Este tipo de mercúrio representa a maior fonte de intoxicação verificada em laboratórios industriais e de pesquisa. Esta forma e também liberada por evaporação na boca de pacientes que possuem amalgamas dentários preparados com mercúrio, o que pode resultar em uma intoxicação. Além disto, dentistas e pessoas ligadas a odontologia podem também se contaminar quando o amalgama de mercúrio.
Dentre os compostos de mercúrio orgânico, o metilmercurio é o mais tóxico que as formas metálicas, sendo responsável pelos danos mais importantes a saúde, observados em humanos. Isto se deve, provavelmente, a sua lenta eliminação. Vários estudos têm demonstrado os efeitos neurotóxicos do metilmercurio em populações expostas a este contaminante. Como exemplo podemos citar os resultados obtidos em uma população ribeirinha da Bacia Amazônica, vivendo na localidade de Brasília Legal, exposta ao metilmercurio. Avaliando-se as funções visuais e motoras de tais indivíduos, através de uma bateria de testes neurofuncionais sensíveis, observou-se um decréscimo de tais funções relacionado com um aumento nos níveis de mercúrio no cabelo, sendo que estas manifestações se fizeram presentes com níveis de mercúrio abaixo de 50 mg/g.
Apesar dos distúrbios neurológicos estarem mais relacionados a contaminação por mercúrio orgânico (principalmente metilmercurio), alguns estudos tem demonstrado uma relação do mercúrio metálico com sintomas neurológicos, como a insônia. A insônia e reconhecida entre um dos sintomas de contaminação crônica do mercúrio há vários anos e desde os primeiros estudos ela vem sendo relacionada a irritabilidade, dificuldade na concentração, perda de memória, apatia e baixa estima acentuada. Acredita-se que estas alterações no ciclo de sono possam ser explicadas por um severo prejuízo neuropatológico, incluindo múltiplos circuitos neurais, associados com a absorção e a ação do mercúrio pelo sistema nervoso central.
Evidencias em um numero grande de fontes indicam que a exposição crônica a baixas concentrações de metais pesados, incluindo o mercúrio, resulta em disfunções imunológicas. Tais disfunções podem gerar deficiências imunoregulatorias, portanto, o mercúrio pode ser capaz de desencadear doenças imunológicas (como doença auto-imune) ou promover infecção crônica, além do mais, existe a possibilidade de que a disfunção imune possa influenciar no desenvolvimento e progressão do câncer.
TERATOGENICIDADE E EFEITOS SOBRE A REPRODUÇÃO
O mercúrio e reconhecidamente um agente teratogênico. O metilmercurio da mãe e transferido para a placenta e transportada para o feto, no entanto, o mercúrio inorgânico tem uma menor capacidade de atravessar a barreira placentária, sendo encontrado em maior quantidade no liquido amniótico. O mercúrio inorgânico e também transportado pelo leite materno. Estes compostos de mercúrio, principalmente os orgânicos, causam sérios danos ao feto em desenvolvimento, principalmente a nível neurológico. A exposição pré-natal a compostos de mercúrio orgânico, principalmente após desastres industriais, levou a defeitos no desenvolvimento cerebral que eram mais intensos a medida que a exposição era mais elevada. Mulheres sem sinais clínicos de contaminação tiveram filhos com paralisia cerebral severa e microcefalia. O mercúrio poderia influenciar o status hormonal (o eixo hipofisehipotalamo), podendo causar um ciclo menstrual irregular, menos ovulações, além dos efeitos teratogênico acima mencionados.
Os testes genotóxicos detectam mutações, tanto a nível cromossômico quanto a nível gênico. Tais mutações são responsáveis pelo surgimento de cânceres e doenças hereditárias; assim, a utilização de tais técnicas para a avaliação e a quantificação destes eventos em células humanas expostas ao mercúrio e de grande importância para a compreensão dos efeitos deste metal, ao nível de DNA, e suas conseqüências para a saúde humana.
Outros estudos indicam, claramente, que a ação tóxica do Hg sobre o aparelho cardiovascular é de natureza complexa, envolvendo fatores diversos. Algumas das ações do metal, se consideradas isoladamente, até mesmo antagonizariam a redução da PA. Entretanto, os Estudos permitem-nos concluir que os efeitos tóxicos agudos do Hg sobre o aparelho cardiovascular (inotropismo negativo, efeito arritmogênico e queda da PA) são intensos e podem ser responsabilizados por óbitos de pacientes intoxicados agudamente2
Referências:
1) Plínio Cerqueira dos Santos CARDOSO, Patrícia Lima
de LIMA, Marcelo de Oliveira BAHIA, Marúcia Irena Medeiros de AMORIM,
Rommel Rodríguez BURBANO, Rômulo Augusto Feio FARIAS - Trabalho
realizado no Laboratório de Citogenética Humana do Departamento
de Biologia do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal
do Pará. Apoio: UFPA, CNPq.
http://www.facome.uqam.ca/facome/pdf/cardoso_2002.PDF
2) Arquivos Brasileiros de Cardiologia - abc@nib.unicamp.br